Lagoa do Jacaré é tema de estudo
Um estudo das variações e dinâmicas temporais na área do espelho d’água da Lagoa do Jacaré, no Litoral Norte do Estado, distinguindo a origem dos eventos naturais e também o suposto uso indevido deste manancial será apresentado pela bióloga da Fepam, Kátia Helena Lipp-Nissinen, no dia 7 de setembro próximo durante o VIII Simpósio Brasileiro de Engenharia Ambiental (SBEA), que acontecerá no Campus da PUC em Curitiba, Paraná.
Recentemente, uma denúncia levantada pela comunidade local alegou a diminuição da área do espelho d’água devido a interferências no leito do corpo hídrico. Diante da situação, a bióloga, o engenheiro ambiental e sanitário e professor da UNIFRA, de Santa Maria e a bolsista de Iniciação Científica do PIBIC CNPq – Fepam, Letícia Sebastião Miranda passaram a estudar a Lagoa do Jacaré, que é cercada por um mosaico de ecossistemas, geo e biodiversamente ricos, em área prioritária para conservação e sofre pressão de atividades antropogênicas potencialmente impactantes e licenciadas, especialmente orizicultura e urbanização.
Após análise sobre a precipitação pluviométrica registrada de 1985 a 2014, o grupo concluiu que, de acordo com o balanço hídrico normal e anual de Torres, entre os meses de novembro a janeiro há um período de deficiência hídrica, onde a maior perda de água se dá pelas altas temperaturas, evapotranspiração potencial e ventos. Neste período, a água é utilizada para o cultivo do arroz irrigado, contribuindo para agravar o recuo da área da lagoa nas épocas naturalmente de menor disponibilidade hídrica ou estiagem. Nos meses de janeiro e fevereiro, os valores de precipitação pluviométrica superam a evapotranspiração potencial, ocasionando um período de reposição de água. Devido a essa reposição, um subsequente período de excesso hídrico ocorre nos meses de março até outubro.
O estudo demonstrou que a Lagoa do Jacaré tem mantido sua área superficial dentro das variações sazonais esperadas. Contudo, outros fatores devem ser considerados em futuros estudos, como a presença da larga e variável cobertura de plantas macrófitas aquáticas no perímetro da lagoa e as causas que podem estar contribuindo para o processo de envelhecimento natural que acomete todas as lagoas da Planície Costeira do Estado.
Kátia explica que embora, as técnicas de sensoriamento remoto utilizadas não tenham possibilitado uma nítida distinção entre a borda seca da lagoa e o início da cobertura das macrófitas, que mascaram a real área da lagoa, o estudo demonstrou a importância da fiscalização ambiental.
Os técnicos entendem que para uma maior precisão na quantificação da área do espelho d’água e da cobertura de macrófitas na porção inferior da Lagoa do Jacaré, é preciso analisar imagens de satélite com maior resolução espacial. Eles sugerem ainda, um estudo mais aprofundado da sub-bacia, na qual a Lagoa do Jacaré está inserida, para maior entendimento da dinâmica da Lagoa, como a profundidade, declividade, pontos e vazões de drenagens naturais e artificiais.